16 – Voltando a Tokyo: Shinjuku

Programamos começar e encerrar a viagem, em Tokyo. Na ida, ficamos em Shibuya e na volta, em Shinjuku. Shinjuku é praticamente uma cidade, tem perto de 350 mil habitantes, é um importante centro comercial, abriga a mais movimentada estação de trem do mundo e a sede do governo metropolitano de Tokyo está lá. Um bairro espetacular.

A maior faixa de travessia de rua que já tinha visto. Olhar para o alto do prédio é torcicolo , na certa.

A Tokyo que estou vendo é surpreendente. Por mais que eu tenha lido sobre a cidade e ouvido relatos de amigos que vieram aqui, tudo foi muito além da expectativa.

Sendo uma das cidades mais populosas do mundo, poderia ter problemas proporcionais ao tamanho e similares a de outras metrópoles. Mas a impressão que predomina é de um lugar seguro e onde tudo funciona a contento.

E como tem gente! As ruas são sempre lotadas. Como tem lojas, bares, parques, museus, galerias! Deixei de lado a vontade de ir a muitos museus. Ou via a cidade e o povo na rua, coisa que adoro, ou me perdia nos museus. Como eles são mais acessíveis no mundo virtual, deixei para a próxima.

É muito difícil escolher o que conhecer. Em especial, no meu caso que vou passar só uma semana, em duas etapas.

Tokyo tem o mesmo clima sedutor de cidades como Paris, Nova York que encantam os visitantes mesmo sem ter muitas belezas naturais.

Ruas muito organizadas onde abundam prédios imponentes e modernos que nos deixam pensando como o país foi capaz de tanto sucesso material, tendo vivido momentos tão difíceis.

Um invejável sistema de transporte público: trens e metrôs cobrindo toda a cidade. 

Uma frota de táxi de tão boa qualidade que não deixou muito espaco para o Uber prosperar. Os motoristas capricham demais no cuidado com os veículos. Chegam ao exagero de fazer capinhas de tecido rendado branco para os bancos. E são solícitos mesmo falando apenas japonês.

Eu diria que em Tóquio as pessoas que circulam na cidade são as responsáveis por este xurupitó. Não apenas por serem gentis. São todos solícitos e dispostos a ensinar caminhos. Sempre perguntam se queremos ajuda ao nos ver com mapas abertos e cara de dúvida. 😊

Elas são um espetáculo à parte. Na forma com se vestem e se enfeitam para o dia a dia, dão um verdadeiro show. Sendo elegantes ou exóticas. Parece que não fazem outra coisa além de pensar nos seus figurinos e maquiagens.

As mulheres vestem-se em superposições inusitadas: saias sobre calças, vestidos sobre saias e blusas, tudo finalizado por casacos estilosos. Aqui, o mito de que só mulheres altas podem ser elegantes cai por terra. Haja baixinha charmosa e estilosa. A tirania dos peitos e bundas grandes ainda não baixou por aqui. Nada de roupas apertadas, ao contrário das brasileiras que tanto orgulho tem das suas lordoses 😊. As japonesas dão show de beleza com seu estilo próprio e peles super bem cuidadas. Nada é casual. Há detalhes em tudo: nas meias, nas bolsas, nos sapatos. Cabelos super bem cortados e de cores inimagináveis.

E com maquiagens perfeitas. Uma ida ao banheiro pode se transformar numa aula. Basta ficar olhando com o canto do olho como elas refazem batons, como repintam os olhos, como sabem realçar as peles imaculadas, sem nenhuma mínima manchinha. Um jeito de usar maquiagem parecendo que estão sem.

Alias, os banheiros são um lugar de limpeza inatingível em nossas plagas. Sem mau cheiro e com as famosas privadas que fazem a higiene do usuário. Algumas até com música que simula o som de torneiras abertas para “inspirar” os mais demorados 😊 ou com um som de descarga permanente para garantir que possiveis indesejados sons sejam ouvidos do lado de fora.

Aqui há detalhes em toda parte.

A lingua falada e escrita sendo tão pouco conhecida dos ocidentais, aumenta o mistério e deixa a sensação de se estar fora do mundo. Há outros países com línguas estranhas mas aqui  o inglês é tão pouco usado que a gente se sente mesmo analfabeto.

Acaba-se de comer e já não é mais possível lembrar o nome do prato. Acaba-se de sair de um restaurante e sequer se sabe mais seu nome. 

A comunicação com os locais não é fácil. Nem todos falam inglês e nossas pronúncias deturpadas dificultam ainda mais o entendimento, deixando as mímicas como recurso final.  Criam situações muito engraçadas que agregam mais novidades ao novo de qualquer viagem.

E as crianças? São da gente não se cansar de olhar para elas. Fofíssimas e todas estilosas desde o início 🥰. Não se jogam no chão, quando fazem birra. Sentam-se num restaurante e comem sozinhos, sem fazer sujeira em volta e sem implicar com a comida. Quando meu neto que ainda vai nascer, fizer 2 anos, vou trazê-lo para um treinamento aqui 😉

O fuso horário também é fator de grande estranhamento. Doze horas de diferença nos deixam num estado de confusão tal, no início da estadia, que fica difícil saber em que dia da semana estamos 😊

O trânsito com mão inglesa também nos confunde. Nós pedestres também somos afetados com a inversão. Esqueço de ficar no lado esquerdo das escadas, ao contrário do nosso costume de ocupar o lado direito.

No metrô as pessoas ou dormem ou  estão no celular ( o iPhone é campeão de uso. Os japoneses evitam comprar produtos coreanos, ouvi dizer). Vi uma pessoa digitando e me deu um nó na cuca: nada trivial “arrancar” do teclado os símbolos do japonês. 

Claro que estas impressões são muito influenciadas pelo fato de ser primavera. E bate logo a vontade de ver a cidade nas outras estações.

Sei que há bizarrices nas pessoas e nos costumes mas os turistas, preferimos ter olhos para o bom e bonito. Lemos coisas desconcertantes sobre a cultura japonesa, nem tudo é paraíso. O país é ótimo para o turista, especialmente para nós do “Burasiu” ( Brasil. A lingua deles é dura e não permite pronunciar encontros consonantais com “r”, nem a letra “L”que vira “R”.) Mas viver como imigrante é outra hitória. O país foi fechado para o mundo, durante séculos, pode estar entranhado no seu dna algo de xenofobia.

Voltando a Shinjuku. O bairro tem a cara daquela Tokyo moderna e vibrante que vemos nas fotos por aí. Na foto da esquerda, a arquitetura envidraçada que virou febre. À direita, a profusão de outdoors, com overdose de colorido que durante a noite aumenta com o neón. Lá no cantinho, o gorila mesmo que faz parar até quem não tem interesse pelo Godzila.

Tem várias sub regiões e escolhemos ficar na área de Nishishinjuku, pela proximidade da estação. À esquerda, o “viaduto” verde, onipresente nas fotos e videos sobre o bairro. Um registro de lua cheia, cedo e num fim de tarde bem claro.

Fomos passear em Kamimeguro/Nakameguro. Uma confusão sobre quem é quem é usual. Como a Estação de Nakameguro fica em Kamimeguro, é comum chamar de Nakameguro a área que abrange os dois e também Aobadai e Higashiyama. Atrai muitos turistas por ser uma região preferida pelos hipsters, com muitas lojas descoladas e restaurantes e cafés de qualidade. O rio Meguro passa pelo bairro e, no canal, foram plantadas muitas cerejeiras que fazem um lindo cenário na época da floração. Uma tarde foi pouco, por lá.

Aqui vi japoneses que curtem cachorros e lojas iguais às do Brasil. Macacão e camiseta iguais para o pet e seu dono. Cadelinha de óculos escuros. Vi também um dos poucos cachorros que encontramos na viagem.

Seguimos caminhando e demos, por acaso, com Sarugakucho. Um bairro residencial mas também com um comércio sofisticado e moderno. Tem espaços com jardins, livrarias e cafés. Perfeito para passear numa tarde de sábado.

Seguimos e achamos Daikan-yamacho, o Brooklyn de Tokyo. Infelizmente, foi uma passada só. Ja escurecia e voltamos para o hotel. Outro lugar para voltar.

As bancas de revista, em Shinjuku, chamam atenção

A tarde e as luzes de Shijuku

Kabukicho, o distrito da luz vermelha. Uma área com 100 quarteirões de bares, casas noturnas e prostíbulos, apesar da prostituição ser ilegal no país. Em passado recente, era uma área considerada perigosa por causa da presença da Yakuza, a famosa máfia japonesa. Hoje, pode-se caminhar pelas ruas, ruelas estreitas de 5m de largura, espreitar os bares que funcionam em casas muito pequenas de 2 andares, estreitíssimas com largura de pouco mais de 2 metros, onde antes eram lugares destinados à prostituição. Só se pode fazer fotos com a permissão dos donos dos locais. Um passeio interessante. Nos bares só cabem de 5 a 7 pessoas.

Sobreviventes da especulação imobiliária e da modernização de Tóquio, são uma média de 60 bares. A penumbra interior, a falta de espaço e um quê de proibido, ajudam a imaginar o clima de décadas atrás.

Os avisos de proibição de grafitis e outras transgressões. E uma supervisão policial pois nem o Japão escapa de arruaceiros. 😐

Não visitei, por falta de tempo mas quem foi diz que vale a pena, sendo gay ou não. O Golden Gai área de bares e clubes que atrai famosos do mundo inteiro. Coppola, Tarantino e Tim Burton, passaram por lá. Alguns bares só permitem a entrada de japoneses ou de quem fala a língua. Também não fui ao Shinjuku Ni-chome, o distrito gay mais conhecido de Tóquio. Nem ao imenso parque Shinjuku Goyen, com jardins japoneses, franceses e ingleses.

Dia de ver Shinjuku do alto do prédio do governo metropolitano de Tokyo.

E ao descer, a outra vista da “prefeitura” e passeio no parque Naitomachi.

Hora de despedida de Shinjuku e de voltar para o Rio de Janeiro.

Vou voltar 🙂

Published by Marta Pessoa

Estudiosa da longevidade, fundadora da Longevos. As viagens são meu laboratório.

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